Os mistérios no dia de finados no cemitério de Ribamar.


Imagem ilustrativa
Em novembro de 2002 tive a terrível experiência (ninguém deseja fazer isso para alguém que ama tanto)  de acender velas no dia de finados para um ente querido que havia partido. É uma tradição antiga praticada em diversos países e cada um possui sua própria maneira de homenagear aqueles que já não estão mais nesta dimensão. O meu irmão havia falecido em setembro, e foi sepultado no cemitério do povoado Centrinho, distante da nossa casa uns 3 ou 4 quilômetros, mesmo próximo havendo o cemitério de Ribamar, este por sua vez é bem isolado, sem casas por perto ou iluminação alguma de luz elétrica.

Estávamos voltando para casa, eu, meu pai e minha mãe, a estrada estava muito escura por causa da vegetação de ambos os lados e raramente passava claridade do luar, assim contávamos com o auxílio de uma lanterna. Eu ia a uns 10 metros à frente, estava em uma bicicleta monark vermelha e como tinha medo, pedalava e esperava meus pais se aproximarem, então, pedalava e esperava e foi assim até chegar próximo ao cemitério de Ribamar.

O cemitério de Ribamar recebe esse nome por estar localizado nas terras pertencentes a um senhor chamado Ribamar, detentor de uma grande parte de terra naquela região. Sabe-se que seu pai veio para o Maranhão fugindo da seca no Piauí, e instalou-se naquela localidade. Seu Ribamar é conhecido por negar côco babaçu paras as pessoas que o tinham como única fonte de renda e consequentemente de alimentação. Quando mamãe estava grávida (esperando esta pessoa vos escreve) e meu pai estava para o Pará em busca de trabalho, ela o encontrou no caminho de um poço e pediu que ele permitisse que ela juntasse os cocos de um palmeira próximo de nossa casa. Ver a minha mãe grávida, com um balde d´água na cabeça, mais três filhos e tendo o marido viajando não foi o suficiente para que ele permitisse o pedido, ao que respondeu secamente em alto e bom som: “NÃO”.

Voltando a narrativa inicial, cheguei próximo ao cemitério (por ser perto de uma encruzilhada, não raro era possível encontrar despachos e obras de feitiçaria por lá, também ainda hoje é considerado um local onde visagens e aparições de outros mundos costumam aparecer, assombrando que ousa passar por lá antes do cantar do galo ) e esperei meus pais, estava tudo iluminado pelas velas e era a visão perfeita de um filme de terror. Os meus pais estavam se aproximando quando de repente uma batida forte na palmeira de babaçu bem próximo a mim nos fez tremer de susto e de medo. Parecia que alguém havia desferido um golpe contra a palmeira usando um pedaço de madeira. Em vão meu pai tentou localizar com a lanterna o causador de tamanho barulho, mas não havia ninguém, nem barulho de nada andando pelo mato, sequer ventava no momento e a possibilidade de ser a folha da própria palmeira caindo foi totalmente descartada.

Ainda atônitos com o que havia ocorrido, desci da bicicleta e passei a ir junto com meus pais. Ainda hoje não achamos um explicação óbvia para esse ocorrido: Afinal, quem bateu na palmeira? Teria sido o Saci-Pererê? O Currupira? Algum encantado do mato? Ou teria sido alguma alma inconformada? Sinceramente, só Deus sabe!

No ano seguinte, refizemos o mesmo trajeto, desta vez, todos caminhando. Por causa do ocorrido no ano anterior, eu e minha mãe decidimos passar pelo lado da estrada mais afastado, papai como sempre foi destemido, passou mais perto do cemitério. Ao passarmos em frente, ouvi dentro do mato bem pertinho da estrada algo como o choro de um bebe, ou o miado de um gato daqueles que causam medo. Fiquei arrepiada mais não comentei nada, dizem os mais velhos que quando se ouve alguma coisa não faz bem comentar logo, continuamos nosso trajeto e eu não tirava aquele som estranho da cabeça. Já chegando perto de casa, tomei coragem e falei:

- Vocês não vão acreditar em mim, mas escutei uma coisa igual choro de criancinha perto do cemitério.
Para a minha surpresa, a resposta de mamãe confirmou que aquilo não fora algo de minha imaginação:
- Pois eu acredito que minha filha, porque eu também ouvi e foi por isso que peguei na tua mão.

No outro ano, eu já estava aguardando para ver o que seria dessa vez, mas, para nossa surpresa, não aconteceu nada. Tudo transcorreu sem nem acontecimento que nos deixasse assombrados. Sou corajosa? Nem tanto!




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