Os mistérios no dia de finados no cemitério de Ribamar.
Imagem ilustrativa

Estávamos
voltando para casa, eu, meu pai e minha mãe, a estrada estava muito escura por
causa da vegetação de ambos os lados e raramente passava claridade do luar,
assim contávamos com o auxílio de uma lanterna. Eu ia a uns 10 metros à frente,
estava em uma bicicleta monark vermelha e como tinha medo, pedalava e esperava
meus pais se aproximarem, então, pedalava e esperava e foi assim até chegar
próximo ao cemitério de Ribamar.
O cemitério de
Ribamar recebe esse nome por estar localizado nas terras pertencentes a um
senhor chamado Ribamar, detentor de uma grande parte de terra naquela região.
Sabe-se que seu pai veio para o Maranhão fugindo da seca no Piauí, e
instalou-se naquela localidade. Seu Ribamar é conhecido por negar côco babaçu paras
as pessoas que o tinham como única fonte de renda e consequentemente de
alimentação. Quando mamãe estava grávida (esperando esta pessoa vos escreve) e
meu pai estava para o Pará em busca de trabalho, ela o encontrou no caminho de
um poço e pediu que ele permitisse que ela juntasse os cocos de um palmeira
próximo de nossa casa. Ver a minha mãe grávida, com um balde d´água na cabeça,
mais três filhos e tendo o marido viajando não foi o suficiente para que ele
permitisse o pedido, ao que respondeu secamente em alto e bom som: “NÃO”.
Voltando a
narrativa inicial, cheguei próximo ao cemitério (por ser perto de uma encruzilhada,
não raro era possível encontrar despachos e obras de feitiçaria por lá, também
ainda hoje é considerado um local onde visagens e aparições de outros mundos
costumam aparecer, assombrando que ousa passar por lá antes do cantar do galo )
e esperei meus pais, estava tudo iluminado pelas velas e era a visão perfeita de um
filme de terror. Os meus pais estavam se aproximando quando de repente uma
batida forte na palmeira de babaçu bem próximo a mim nos fez tremer de susto e
de medo. Parecia que alguém havia desferido um golpe contra a palmeira usando
um pedaço de madeira. Em vão meu pai tentou localizar com a lanterna o causador
de tamanho barulho, mas não havia ninguém, nem barulho de nada andando pelo
mato, sequer ventava no momento e a possibilidade de ser a folha da própria
palmeira caindo foi totalmente descartada.
Ainda atônitos
com o que havia ocorrido, desci da bicicleta e passei a ir junto com meus pais.
Ainda hoje não achamos um explicação óbvia para esse ocorrido: Afinal, quem
bateu na palmeira? Teria sido o Saci-Pererê? O Currupira? Algum encantado do
mato? Ou teria sido alguma alma inconformada? Sinceramente,
só Deus sabe!
No ano
seguinte, refizemos o mesmo trajeto, desta vez, todos caminhando. Por causa do
ocorrido no ano anterior, eu e minha mãe decidimos passar pelo lado da estrada
mais afastado, papai como sempre foi destemido, passou mais perto do cemitério.
Ao passarmos em frente, ouvi dentro do mato bem pertinho da estrada algo como o
choro de um bebe, ou o miado de um gato daqueles que causam medo. Fiquei arrepiada
mais não comentei nada, dizem os mais velhos que quando se ouve alguma coisa
não faz bem comentar logo, continuamos nosso trajeto e eu não tirava aquele som
estranho da cabeça. Já chegando perto de casa, tomei coragem e falei:
- Vocês não
vão acreditar em mim, mas escutei uma coisa igual choro de criancinha perto do
cemitério.
Para a minha
surpresa, a resposta de mamãe confirmou que aquilo não fora algo de minha
imaginação:
- Pois eu
acredito que minha filha, porque eu também ouvi e foi por isso que peguei na
tua mão.
No outro ano, eu já estava aguardando para ver o que seria dessa vez, mas, para
nossa surpresa, não aconteceu nada. Tudo transcorreu sem nem acontecimento que
nos deixasse assombrados. Sou corajosa? Nem tanto!
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