Contos de Terror: As conversas do "além" no poço de Vítor.
O converseiro. É impossível imaginar ou conhecer um povoado no interior em que não há algum causo que tenha como cenário um poço. No nosso pequeno vilarejo que chamamos de Bom Lugar, localizado entre os povoados Pontal e Marinho, tínhamos como fonte de abastecimento durante a estiagem o "poço de Vito". Antes de falar do poço, vou chamar a atenção para o seu dono. Vítor era um senhor muito enigmático, diziam que ele andava sobre brasas e não se queimava, passava descalço por cima de forno de assar farinha mesmo quando estava quente e saía sem uma queimadura na sola dos pés. Quando amolava o patacho, para saber se estava bem afiado, ele testava a ferramenta na palma da própria mão, simulando um corte. Eu o chamava de vovô porque ele era pai de Maria, uma senhora que eu carinhosamente chamo de mãe, pelo fato dela ter cuidado de mim quando estava recém-nascida. Seu "Vito" como nós chamávamos, faleceu com 102 ano...